24 de janeiro de 2006

Na manhã de quarta-feira,
Do mês de agosto, a primeira,
Partiria o trem caipira.
Sete vagões engatados,
Todos sete enfumaçados,
Rumo à estação de Itabira.

Cheguei cedinho à estação,
Sem disfarçar a emoção,
De viajar nesse trenzinho:
... Quero rever as Campinas,
As montanhas pequeninas,
Tudo bem devagarinho.

Quero passar junto aos rios,
Sentir no corpo arrepios,
Quando o trem subir a serra,
Sentir no frescor da brisa,
Que beijar minha camisa,
O cheiro da minha terra.

Quero ver gado pastando,
Cavalo e égua se amando,
De dentro do meu vagão,
Passar bem rente às estradas,
E colher mangas-espadas,
Com a palma da minha mão.

E se ainda sobrar tempo,
Em forma de passatempo,
Vou recostar na poltrona,
E pedir bem de mansinho,
Pelo resto do caminho,
“Trenzinho, não me abandona!”

Quando eu parei de sonhar,
Alguém veio me falar,
Que o trenzinho avariou,
Que o trem não mais partiria,
Por contrair nostalgia,
De um homem que ali parou.

Na próxima quarta-feira,
Do mês de agosto, a primeira,
Partirá o trem caipira.
Sete vagões engatados,
Todos sete vacinados,
Rumo à estação de Itabira.

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