30 de janeiro de 2006

Quando um homem, de repente,
Desavisado, inocente,
Ao ver um simples vestido,
Já pensa em se apaixonar.
E quando esse mesmo homem,
Ainda desavisado,
Escreve, em versos, calado,
Um poema ao tal vestido,
E assim através da noite,
À luz da sua inocência,
Pensando no tal vestido,
O homem revela, puro,
Toda beleza que o encerra.
Então ele diz à noite,
Que ele é assim — colorido
Que ele é terno, é o preferido,
Que tem um quê de malícia
Nas cores do seu tecido.
Esse homem, porém, não sabe
O erro que cometeu,
Não sabe a bem da verdade
Nem mesmo o que aconteceu,
Pois realmente é um engano
Por um pedaço de pano
Pensar em se apaixonar.
Então a se redimir,
O homem percebe a moça,
A bela moça a sorrir
Bem dentro do vestidinho,
Percebe que seu olhar
Tem um quê de poesia,
Uns versos de Baudelaire
Falando de nostalgia,
Percebe ainda que a moça
Tem os cabelos dourados,
Tem pele clara e macia
E lábios adocicados.
Foi, então, esclarecido
O porquê de ele pensar,
Um dia, em se apaixonar
Apenas por um vestido.
Agora, o homem sabia,
Sem qualquer sombra de dúvida,
Que a grande paixão estava
Na moça que ele vestia.
Assim este homem tolo
Resolve, então, decidido,
Tirar de vez da cabeça
Aquele simples vestido,
E por toda eternidade
Este homem prometerá
Nunca mais ver um vestido
E dele depois gostar,
Promete sim, a essa moça,
Agora todinha sua,
Para evitar outro engano,
Qualquer que seja o tecido
Seja de saia ou vestido,
Que seja até colorido,
Não vai, assim, querer vê-la,
Quer vê-la somente nua
Belo poema na noite
Vestindo apenas a luz
Lívida e clara da lua.

3 comentários :

PHeuliz disse...

amo as poesias e poemas dele!!!
Parabéns pelo blog!
Você recebeu de uma leitora um prêmio!!
Pegue no meu blog o teu certificado, um selo bem legal!
http://pheull.blogspot.com/2009/03/premio.html

=*)

Anônimo disse...

Bonita a poesia, merecia um premio pelo blog,
www.tempocriativo.blogspot.com

Carlos Eduardo Drummond disse...

Jean e Phell, obrigado pelo carinho.