24 de janeiro de 2006

“Quando, certa manhã, Gregório Samsa despertou,
depois de um sono intranqüilo, achou-se em sua
cama convertido em um monstruoso inseto...”
Franz Kafka



Algo caminha sobre as minhas costas.
Essa filha do esgoto, putrefata,
Nojento bicho que, de pata em pata,
Sai do meu dorso e vai subir nas bostas.

Aberração da natureza — crostas
Cobrem teu ventre da sujeira exata.
Miserável inseto — és a barata,
A imunda criatura em minhas costas.

Este inseto cascudo e pavoroso
É, sem dúvida, a inveja incontrolável
Que, na vida do ser vitorioso,

A derrota despeja, imperdoável,
Sem pena, contorcendo-se de gozo,
Pelo gosto de ser abominável.

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